O que são classes de activos e qual a sua importância?
Este artigo faz parte da série de 12 artigos iniciada no passado dia 31 Outubro 2020, Dia Mundial da Poupança.
Um artigo por mês. Sempre no último dia do mês. Sobre poupar e investir, para poder comprar liberdade.
Aqui fica o oitavo da série!
Quando algo acontece no mundo, os mercados financeiros reagem. Mas os activos (acções, obrigações, matérias-primas, etc.) não se comportam todos da mesma forma. Isto acontece porque pertencem a diferentes classes de ativos.
Quando o investidor começa a pensar em realizar investimentos financeiros surge a mesma dúvida: em que produto devo investir o meu dinheiro?
O primeiro passo é conhecer as diferentes classes de activos. Desta forma, conseguirá determinar as que mais lhe convêm e a percentagem que cada uma deve representar no seu portfólio.
O mix certo pode ser a diferença entre um retorno atractivo ou menos satisfatório.
Descubra neste artigo os exemplos das principais classes de activos, algumas alternativas e as suas rendibilidades.
Definição e comportamento das classes de activos
Classes de activos são um agrupamento de investimentos que exibem características semelhantes e são alvo das mesmas leis e regulamentações.
Cada classe tem um perfil de risco/retorno esperado de investimento.
Vejamos algumas características comuns às classes de activos:
Comportam-se de forma semelhante;
Apresentam volatilidades semelhantes;
Cada classe possui características únicas e diferenciadas das restantes
Podem existir diferentes veículos para representar uma classe de activos.
Os elementos de cada classe podem variar entre si. No entanto, têm características em comum que permitem agrupá-las na mesma categoria.
Importância das Classe de activos na constituição do portfólio
Procura investir para ter uma poupança na altura da reforma? Ou talvez queira um investimento de curto prazo para financiar a faculdade do seu filho.
Cada pessoa realiza investimentos com um objectivo diferente. Tem também um perfil de investidor característico - uma personalidade única, mais ou menos reactiva, mais ou menos resiliente ao risco.
Ao conhecer as diferentes classes de activos e as suas características terá em seu poder o conhecimento para escolher o investimento que, com maior probabilidade, atinja a meta desejada.
Classe de activos e estratégia de investimentos: diversificação é a regra de ouro
É provável que já tenha ouvido a expressão "não coloque todos os ovos na mesma cesta”.
Significa isto que não é aconselhável colocar todo o capital no mesmo activo, ou classe de activos. A isto chama-se diversificação dos investimentos.
Um mix de classes de activos vai permitir atenuar as variações no portfolio e garantir um retorno mais estável.
Se uma classe desce, outra pode subir, o que vai balancear a carteira.
As classes de activos são a matéria-prima para construir carteiras equilibradas.
Aliás, uma das estratégias para reduzir a volatilidade geral do portfolio é realizar investimentos em diferentes classes.
Exemplos das principais Classes de activos
OBRIGAÇÕES
Obrigações são títulos que representam um capital em dívida.
O investidor empresta dinheiro a uma empresa, Estado, entidade pública ou privada, com a promessa de receber de volta, no futuro, o capital mais os juros.
As obrigações:
Têm habitualmente uma certa periodicidade no pagamento dos juros;
Podem apresentar uma taxa fixa ou variável.
Quanto maior o risco percepcionado pelos investidores em relação à empresa ou Estado, maior deverá ser a taxa de juro exigida.
Se as finanças públicas de um Governo forem frágeis ou a estrutura financeira da empresa não for muito sólida, os investidores correm um risco maior, logo, devem ser recompensados com rendimentos esperados superiores.
Um exemplo são as obrigações High Yield ou vulgarmente conhecidas como “Junk Bonds”.
Subclasses de obrigações
Entre as principais subclasses de obrigações, o destaque vai para:
Obrigações soberanas
Em Portugal, por exemplo, o Estado emite Obrigações do Tesouro (OT) como forma de se financiar.
Obrigações de empresas ou corporate bonds
A única garantia de reembolso é a capacidade de a empresa respeitar e ser fiel aos seus compromissos obrigacionistas.
Obrigações High Yield ou “Junk Bonds”
São obrigações emitidas por empresas com um baixo rating.
Existe uma forte probabilidade de incumprimento das obrigações financeiras.
Contudo, há décadas que os investidores procuram estas obrigações de alto rendimento, apesar dos riscos inerentes, porque oferecem taxas de juros elevadas.
ACÇÕES
Uma acção é a menor fracção do capital social de uma empresa.
Ser detentor de uma acção de uma empresa significa sermos donos de uma pequena parte dessa empresa.
Ao ser accionista pode beneficiar dos lucros, que podem ser distribuídos como dividendos ou reinvestidos no negócio. A variação do preço no mercado bolsista vai reflectir, tendencialmente, a saúde da empresa. Em caso de problemas graves na empresa, o accionista é o último a ser pago - trabalhadores, Estado e obrigacionistas tomam precedência.
Sendo donos de uma pequena parte da empresa, podemos também participar em Assembleias Gerais e votar nas decisões da vida da sociedade.
Esta classe de activos é uma das mais atrativas, com uma rendibilidade histórica de 7% ao ano, no longo prazo.
A classe de acções pode ser categorizada e escolhida com base em diferentes critérios:
Geografia;
Dimensão da empresa, por exemplo, as acções de grandes empresas (Blue Chips);
Empresas líderes de mercado, como caso do PPR SGF Stoik;
Small Caps (acções de um grupo de empresas com pequena capitalização, baixo índice de liquidez, mas grande potencial de crescimento).
O investimento nesta classe de activos tem por base diferentes variáveis que permitem avaliar a viabilidade do investimento, como por exemplo:
Momentum (indicador que avalia a tendência de evolução do preço de uma acção num determinado período de tempo);
Value (preço de mercado abaixo do valor intrínseco da empresa)
Qualidade das acções.
Critérios de sustentabilidade (ESG - Environmental, Social & Governance)
Antes de passar às classes de activos alternativas, é importante destacar a importância do investimento em acções ou obrigações dos mercados emergentes.
Mercados emergentes
Os mercados emergentes representam países que têm economias em rápido crescimento e estão a passar por um processo de industrialização.
A compra de obrigações ou acções destes mercados pode fazer parte da estratégia para a constituição de um portfólio diversificado.
Este deverá ser um investimento prudente, devido à volatilidade destes activos e à maior instabilidade das economias em causa.
No entanto, o potencial de crescimento também é significativo, dado o maior crescimento económico previsto. Tal não implica no entanto que esse crescimento económico se materialize sempre em crescimento dos índices de acções desses mercados.
Classe de aCtivos alternativas
IMOBILIÁRIO COTADO - REIT (REAL ESTATE INVESTMENT TRUST)
Os REITs cotados em bolsa são uma realidade em vários países. Portugal juntou-se ao grupo, recentemente, em 2019.
O termo REIT traduz um conjunto de empresas que possuem, em exclusivo, activos imobiliários. Em Portugal, denominam-se SIGI - Sociedades de Investimento e Gestão Imobiliária.
A grande vantagem dos REITs, e a diferença em relação imobiliário tradicional, é que o investidor particular passa a conseguir aceder a um mercado com valores mais baixos e com liquidez imediata.
Ou seja, é como acontece nos mercados bolsistas. O investidor compra uma fracção do investimento total, que por norma é avultado, e fecha as portas à maioria dos investidores mais pequenos.
Contudo, existem algumas regras em relação a esta classe de ativos, que variam um pouco de país para país:
o REIT deve distribuir uma proporção elevada dos seus lucros anualmente (normalmente 90%)
uma proporção elevada do valor total dos activos deve incluir activos afetos ao arrendamento ou algum tipo de exploração (normalmente acima de 75%);
Os REITs são uma boa forma de incluir o sector imobiliário na carteira de investimentos, sem ter um capital inicial demasiado avultado e que provoque a concentração na mesma classe de activos.
COMMODITIES: INVESTIR EM MATÉRIAS-PRIMAS
Há investidores que receiam as commodities porque argumentam que são activos especulativos e difíceis de avaliar.
Contudo, incluir no portfolio uma classe de activos semelhante, numa pequena percentagem, pode ser suficiente para beneficiar da rendibilidade deste investimento.
O ouro, por exemplo, é muitas vezes designado como um “investimento de refúgio”.
Esta forma de apelidar esta matéria-prima resulta:
Da capacidade do ouro valorizar em alturas de grande instabilidade económica e política.
É uma classe de activos que regista valorizações durante os períodos de subida dos preços (inflação). De certa forma, protege os investidores contra a perda do poder de compra.
Uma pequena percentagem desta classe de activos poderá figurar na carteira de investimentos, numa perspectiva de diversificação do portfólio.
CRIPTO MOEDAS
As moedas virtuais são a nova classe de activos para os investidores.
Contudo, não são consensuais. Existem muitas dúvidas e receios em relação ao futuro destes activos alternativos:
Têm um historial muito curto - a Bitcoin existe há menos de 10 anos;
Falta regulação e regulamentação específica;
Apresentam grande volatilidade;
Há uma grande dificuldade em quantificar o valor das moedas virtuais.
Por outro lado, apresentam vantagens relacionadas com o potencial do Blockchain, a nova tecnologia associada às moedas:
Realização de transacções seguras, imediatas e com menos custos;
Aparente incorruptibilidade e descentralização;
Retornos financeiros elevados nos últimos anos, acima de outras classes de ativos;
Existe inclusive uma dificuldade em classificar esta classe de activos. É uma commodity ou moeda? Ou será uma nova classe de activos, a das moedas digitais?
Independentemente das dúvidas, podem ser uma classe rentável. Mas altamente arriscada, com potencial de perda total.
Escolha um investimento financeiro com diversas classes de activos
O importante a reter é que não deve colocar todo o capital numa única classe de activos.
A diversificação evita que o seu portfolio fique refém de uma só classe e suas variações nos mercados.
No processo de investimento, é importante avaliar o peso das diferentes classes de activos e rever a carteira de investimentos, caso seja necessário.
A ideia é realizar investimentos em activos rentáveis e que os investidores conheçam, num mix de risco/retorno que seja adequado ao investidor.
No PPR SGF Stoik utilizamos várias das classes de activos mencionadas no artigo, num mix adequado para um perfil moderado a dinâmico, ajustado para o longo prazo. Se tiver curiosidade pode conhecer a alocação de activos aqui.